Sou Maçom, e Agora?

Sou Maçom, e Agora?

O Maçom
Feliz aquele que compreender o privilégio de ser um APRENDIZ. Não um grau iniciático. Não simplesmente uma idade de três anos, uma cegueira temporária um desconhecimento da linguagem e da Arte nas, conscientização da eterna procura do conhecimento real, que não se encontra na forma mas na essência. Não tenhamos pressa por aumento de salário; estaremos sempre abaixo do grau colado pois, ao recebê lo ainda não o conhecemos.

Talvez nenhum dos meus irmãos se tenha deparado com esta pergunta quiçá pelo facto de que nunca foi confrontado com ela mas, convenhamos, que é bom fazermos um pouco de exercício já que me parece que, em muitos casos, nos esquecemos do que ela representa para nós, em toda a sua amplitude.

É triste constatar como alguns, no meio de nós, decorrida que é a sua Iniciação, depressa se esquecem do juramento que prestaram ou então, passado algum tempo, maior ou menor conforme o caso, esmorecem no seu entusiasmo original deixando, dessa forma, de provar ou, melhor, de aproveitar tudo o que a Maçonaria pode trazer-lhe de bom para a sua nova vida. O problema é que chegamos a duvidar, pelo seu comportamento, se verdadeiramente foram iniciados.

Como Maçon, pertenço agora a uma Fraternidade Iniciática que tem por fundamento a fé numa entidade superior, o Grande Arquitecto do Universo e, como seu membro, devo um absoluto respeito às tradições específicas da Ordem, essenciais à regularidade da Jurisdição.

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Como homem livre e de bons costumes, estou comprometido a pôr em prática um ideal de Paz, com vista ao meu aperfeiçoamento, ao dos meus irmãos e do da humanidade inteira.

Como seu membro, é-me imposta a prática exacta e escrupulosa dos ritos e simbolismos, meios de acesso ao conhecimento pelas vias espirituais iniciáticas que lhe são próprias.

Como Maçon, é-me imposto o respeito pelas opiniões e crenças de cada um, sendo-me proibida toda a discussão e controvérsia política ou religiosa, no seu seio pois, pelo contrário, essa Fraternidade é um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens que, sem ela, seriam estranhos uns aos outros.

Faço parte de um grupo de homens, os Maçons, que tomam as suas obrigações sobre o volume da Lei Sagrada, a fim de dar ao juramento prestado por eles, o carácter solene e sagrado indispensável à sua perenidade, sublinhe-se aqui, perenidade.

Reúno-me, fora do mundo profano, nas Lojas, onde estão sempre expostas as três Grandes Luzes da Maçonaria: um volume da Lei Sagrada, um esquadro e um compasso, para aí trabalhar segundo o Rito, com zelo e assiduidade, e conforme os princípios e regras prescritos pela Constituição e os Regulamentos Gerais da Obediência.

Como Maçon, lembro-me que fui admitido por ser maior de idade, de perfeita reputação, homem de honra, leal e discreto digno, a todos os níveis de ser um bom Irmão e apto a reconhecer os limites do domínio do homem e o infinito poder do Eterno.

Em Loja cultivo, com os meus irmãos, o amor da Pátria, a submissão às leis e o respeito pelas autoridades constituídas, considerando o trabalho como o dever primordial do ser humano e honrando-o sob todas as formas.

Como Maçon devo contribuir, pelo exemplo activo do meu comportamento são, viril e digno, para o irradiar da Ordem no respeito pelo segredo Maçónico.

Finalmente devo, mutuamente, ajuda e protecção fraternal, mesmo no fim da minha vida, praticando a arte de conservar, em todas as circunstâncias, a calma e o equilíbrio indispensáveis a um perfeito controlo de mim mesmo.

Então, e agora?

Depois de termos passado em revista as doze regras dos Landmarks Maçónicos, que nos parece? Permitam-me que vos cite algo mais:

A Maçonaria autêntica é essencialmente um Rito. O Rito tem por finalidade fazer ascender o adepto à Iniciação. A Iniciação tem por tarefa, desligar o homem dos limites do seu estado humano, tornar efectiva a capacidade que ele recebeu de aceder a estados superiores, de uma maneira activa e duradoura.

A Iniciação que deve conduzir o candidato no caminho de uma realização pessoal, consiste essencialmente na transmissão de uma influência espiritual. Eu estou pessoalmente convencido de que, a Maçonaria, tem um objectivo muito prático: ensinar as pessoas a ficarem no controlo das suas próprias vidas.

O grande Maçon Walter Leslie Wilmshurst, no seu livro intitulado The Meaning of Masonry, fala-nos sobre a capacidade que a Maçonaria tem de despertar em nós aquilo a que ele chama de “a consciência cósmica”, um estado de mente no qual o mundo deixa de parecer um simples sólido de realidade impenetrável, para surgir envolto de um tremendo senso de significado, ou o que G.K. Chesterton chama de “boas-novas absurdas”.

Colin Wilson, no seu livro The Outsider , fala-nos de poetas e artistas do século XIX que experimentaram visões repentinas de “significado” (como Van Gogh quando pintou a Noite Estrelada), e quando a visão se esvai sentem-se presos num mundo que os deixa entediados e desencorajados. Colin Wilson chama-os de Outsiders, porque eles se sentem alienados da realidade diária que muitas pessoas julgam tão satisfatória. E a sua conclusão nesse livro é a de que os “Outsiders” precisam de aprender a sobrepujar o sentido de alienação e devem preparar-se para assumir o seu papel na sociedade, a qual eles deviam aprender a mudar por dentro, pois como diz H.G.Wells, no livro The History of Mr. Poll,” se você não gosta da sua vida, pode mudá-la”.

Na América, um homem notável chamado Syd Banks ¬¬¬- que não era nem psicólogo, nem académico – foi repentinamente atingido por uma revelação: a de que quase toda a miséria humana é causada pelos nossos próprios pensamentos. Falando a respeito desse vislumbre, reuniu um grande número de adeptos e, logo de seguida, fundou uma nova psicologia. Um psiquiatra de Nova York, chamado George Pransky, que era um freudiano insatisfeito e desapontado, viajou para a ilha de Salt Sring, na costa de Vancouver, para participar dos seminários oferecidos por Syd Banks e foi imediatamente atingido pelo facto de as pessoas ali parecerem tão saudáveis e equilibradas, num total controlo das suas vidas. Pransky continuou lá até se tornar um dos principais expoentes da “psicologia da mente” de Banks.

Meus irmãos, penso sinceramente, que isso é também um objectivo da Maçonaria – ensinar as pessoas a tomar o controlo das suas próprias vidas.

Precisamos, no entanto, de deixar despertar em nós a “consciência cósmica”, isto é, deixarmo-nos transportar para esse estado de mente, objectivo central da Maçonaria, e que é conseguido nas sessões de Loja, através do cumprimento rigoroso do Ritual: a forma como se entra em Loja, a postura dos irmãos, a música da Coluna da Harmonia, a forma como se iniciam os trabalhos, as palavras que são ditas, a forma como são repetidas pelos oficiais da Loja, as Luzes que vão sendo acendidas, as palavras que são proferidas, a forma como se circula, a peculiaridade de cada palavra proferida,a abóbada celeste, o Sol, A Lua, o Oriente e o Ocidente, o Norte e o Sul, as colunas, a Cadeira de Salomão, o Venerável Mestre, o rigor do vestir e os paramentos, as luvas protegendo as mãos, as pranchas apresentadas, enfim, tudo, absolutamente tudo tem como objectivo fazer-nos “entrar” numa onda aquecida de entendimento e uma satisfação profunda nesse conhecimento. Chegamos então à identificação de que não há nada de fastidiosamente repetitivo, pois cada sessão é única em si mesmo. É por isso que gostamos tanto e nos sentimos tão bem depois de, mais uma vez, praticarmos o Ritual. É ou não é assim, meus queridos irmãos?

Estou cada vez mais convencido de que as sessões de Loja não são apenas essa repetição, quase para cumprir calendário, do Ritual.
Perdoem-me se declaro que não estou minimamente convencido de que os rituais são apenas “peças de moralidade”, emprestadas dos ritos de iniciação das guildas de pedreiros, por cavalheiros filósofos agindo em seu próprio aperfeiçoamento. Na minha opinião, esse ponto de partida é completamente tolo, e qualquer argumento derivado dele é também profundamente imperfeito. Descobri que os rituais trabalham de uma forma psicológica sistemática para melhorar as mentes e a moral dos que se expõem a eles.

A Maçonaria não é uma religião, mas uma técnica espiritual compatível com o sistema de crença de qualquer uma delas bem como com a visão racional da ciência: para juntar-se a ela, o candidato precisa de expressar a sua crença de que há uma ordem sustentando o comportamento do Universo. Os seus ensinamentos podem providenciar um ponto focal para muitas pessoas que não praticam qualquer profissão de fé em particular – e, para elas, pode tornar-se um substituto da religião. Ela oferece valores espirituais sem exigir que se subscreva um completo sistema de crenças. Ela é tolerante de uma forma que a maioria das outras religiões não é, e os seus ensinamentos simbólicos permitem um espectro de interpretações que abarca pessoas de todas as crenças. Ela permite-lhes tomar do seu sistema o que precisam aprendendo, enquanto o fazem, mais a respeito de eles mesmos e de como podem alcançar as suas necessidades espirituais.

Acredito, finalmente, que a Maçonaria é uma ciência ancestral que pode dirigir as conquistas e ambições humanas. Ela pode oferecer grandes vislumbres que não entrem em conflito com a ciência moderna. O caminho da Maçonaria é para dentro do mistério íntimo de cada um, não importando que se chame alma, espírito ou estado de consciência.

Isto é, meus irmãos, o levantar do véu do que o tema que escolhi para título, nos pode oferecer. Mas, não se esqueçam, para alcançarmos tal consciência, precisamos de começar a tratar melhor e mais consentâneamente, o juramento que um dia fizemos.

Diogo Sanches, 17.11.6009

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6 thoughts on “Sou Maçom, e Agora?

  1. Amado Ir.’. enriqueceste a nossa Ordem com um belo e verdadeiro texto.
    Gostei tanto que imprimi para minha leitura e meditação.
    Parabens.
    Fraternalmente,
    Aristides Costa T.’.F.’.A.’.

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