Símbolos, uma visão Católica

Símbolos, uma visão Católica

Símbolo é o encontro de duas realidades em outra forma. Assim, quando vemos um bolo de aniversário, pensamos na festa, quando vemos uma aliança no dedo de alguém, pensamos no casamento

Quando se diz que algo é símbolo, pensamos o que é irreal, fantástico, mas para entender esta realidade, presente inclusive dentro dos templos maçônicos, é de bom alvitre que o maçom, indague as diversas correstes do pensamento, busque inclusive nas religiões, mesmo considerando que a maçonaria é ou não religiosa, no pensamento individual de cada irmão.

Assim, vos trago o escrito abaixo, sob a ótica da Igreja Católica Apostólica Romana, que  com poucas nuances resume a teologia cristão, numa suma quase que única, embora com algumas nuances, como na comparação com as religiões, pós Lutero.

TFA

Ivair Ximenes Lopes

 

SÍMBOLOS NOS SACRAMENTOS

O que são símbolos?

Quando se diz que algo é símbolo, pensamos o que é irreal, fantástico.

Mas símbolo não é isto. Símbolo é o encontro de duas realidades em outra forma. Assim, quando vemos um bolo de aniversário, pensamos na festa, quando vemos uma aliança no dedo de alguém, pensamos no casamento. Então, bolo representa festa, aliança significa amor e fidelidade e assim por diante. Símbolo pode ser um objeto, um elemento capaz de expressar de alguma maneira uma realidade que está presente, que a gente não pode expressar totalmente, mas que é mais do que a gente pode exprimir por palavras. Símbolo é um objeto, um gesto, um, elemento, um, movimento, uma expressão corporal, onde que vale não é mais aquilo que é em si, mas o que exprime o que significa.  Quando um rapaz leva uma rosa para a sua noiva o que importa não é o valor da rosa em si, mas o que a rosa significa: algo de tão profundo que o noivo não sabe definir e chama de amor. Rosa é amor. Rosa é símbolo porque revela e oculta ao mesmo tempo o amor, o mistério do amor. Podemos dizer que o símbolo é a linguagem do mistério. As realidades que Deus nos quer revelar e comunicar na Liturgia são tão grandes, tão profundas e inefáveis que o homem não consegue exprimi-las por palavras. Por isso, ele recorre a linguagem mais profunda, aos sinais sagrados, aos símbolos. A Liturgia é um acontecer de realidades sagradas e ocultas em forma terrena. É preciso, portanto, antes de tudo, transformar em ação vivencial aquela ação mediante a qual o homem que tem fé compreende a colhe e realiza os sinais visíveis e sagrados da graça invisível. Deus se vela e se comunica não só pela linguagem falada. A água, o fogo, o ar, as nuvens, o vento, as plantas, os animais, toda a natureza fala de Deus e pode servir de linguagem para o homem. Por isso, todos estes elementos também podem servir de sinais litúrgicos que significam e comunicam a graça. O importante em tudo isso é que deixemos os sinais falarem, qu8e demos vida a eles, pois podem falar de Deus, de Cristo, de nós mesmos e de nossos irmãos. Mas não querem apenas falar destas realidades, e sim comunicar-nos com elas.

ÁGUA: Um símbolo muito significativo e forte é a água. Ocorre no Batismo e na Eucaristia. Se comerçamos a refletir sobre o sentido da água, veremos que ela está em íntima relação com a vida do homem. Sabemos que o homem vive os primeiros nove meses de sua existência mergulhados em água. O próprio corpo humano é constituído em grande parte de água. Para que serve a água? Ela serve para purificar, para embelezar, para tomar banho, para refrescar para reanimar. A água serve para tomar, matar a sede. A tal ponto ela está ligada ao homem que não podemos nem sequer viver sem a água. Sem a água não haveria nenhuma espécie de vida sobre a terra. Daí se segue que ela é uma substância essencial pra a vida do homem. Podemos dizer, então, que água é vida. Eis o que estamos no simbolismo as água. A partir desta compreensão da água podemos entender melhor o sentido do Batismo e principalmente da oração da benção da água batismal. Nesta benção a Igreja comemora a ação de Deus na história da salvação através da água. Das águas do inicio do mundo surge a vida. Assim surge a nova vida das águas do Batismo.

            As águas do dilúvio foram à vida para os justos e morte para os maus. A água pode ser vida e morte. Assim, no Batismo morremos para o pecado e somos salvos como Noé na Igreja. Nas águas do Mar vermelho surgiu o povo de Deus. Elas foram vida pra os israelitas e morte para os egípcios. Também das águas do Batismo nasce um povo novo para Deus, a Igreja. No Batismo morremos para o pecado e o mal e renascemos para uma nova vida. Eis por que são Paulo compara a piscina batismal com o sepulcro. No Batismo morremos com Cristo para o pecado e ressuscitamos com Ele para a nova vida. A pia batismal na tradição da Igreja é comparada ainda ao seio materno e a Igreja à mãe que dá a luz. Seria interessante refletir ainda sobre a água que jorrou do rochedo do deserto, as águas do rio Jordão, o poço da Samaritana, a piscina de Siloé, a água que jorra do lado aberto de Cristo: os rios de água viva que jorram para a vida eterna da qual fala Cristo. A partir do sentido da água como símbolo de vida compreendemos melhor o gesto do sacerdote na hora da preparação das oferendas ao colocar gotas de água no vinho.

O povo de Deus salvo das águas do Batismo pela fé no Sangue redentor, une-se a Cristo na oferta de si mesmo ao Pai. Para este sacrifício devemos apresentar-se purificados de todo pecado. Eis o sentido do gesto do sacerdote ao lavar as mãos antes da Oração Eucarística. Lembramos ainda o símbolo da água no uso da água benta. Ela lembra a quem usa com fé, a purificação e nova vida recebida no Batismo. A aspersão com água abençoada no inicio da Missa dominical lembra à assembléia que cada domingo constitui uma pequena Páscoa em comemoração a Páscoa do Batismo. E para se viver em profundo mistério da Eucaristia será necessário voltar sempre de novo à atitude de conversão vivida no Batismo. Por isso, o rito do “Asperges”, conforme o Novo Missal pode substituir o ato penitencial no inicio da Missa, rito que deveria ser muito mais valorizado Uma vez que a água tem um sentido simbólico tão profundo na vida das pessoas seria tão bom que em contato com a água do mar, dos rios, das fontes, da chuva, etc., refletíssemos sobre as realidades da fé que elas podem significar.  Devemos ter os olhos abertos para os símbolos que a natureza nos oferece, pois Deus e a Liturgia falam por meio deles.

A VELA: O uso litúrgico da vela é muito freqüente, tornado-se por isso um símbolo bastante presente na vida cristã. Assim, a apresentação do Senhor no Templo é uma festa muito significativa entre nós. É chamada também festa da Purificação de Nossa Senhora, ou festa de Nossa Senhora das Candeias, isto é, das velas. Isto porque nesse dia são abençoadas as velas para a procissão, velas que depois são levadas devotamente para casa dos fiéis. Celebra-se a festa 40 dias depois do Natal, pois, segundo o Evangelho, neste dia, Maria e José apresentaram o Menino Jesus no Templo por ser o primogênito e o resgataram pelo resgate dos pobres, ou seja, um par de rolas. Esta festa quer antes de tudo comemorar e reviver o mistério da manifestação de Jesus Cristo no Templo, proclamado pelo velho Simeão como luz dos povos. Cristo se manifesta como a luz. Por isso, a procissão das velas e o símbolo da vela de onde surgiu também o nome da Festa de Nossa Senhora das Candeias.

            A vela, símbolo da luz e da consagração, acompanha o cristão em sua caminhada por este mundo até chegar ao reino da luz. No Batismo ela significou a fé, a nova vida em Cristo, o Cristo que somos chamados a testemunhar. Na Primeira Eucaristia assumimos o significado da vela, professando pessoalmente nossa fé. Usamos a vela acesa quando anualmente renovamos nossas promessas do Batismo na Vigília da Páscoa. Está presente em quase todas as celebrações litúrgicas; de modo especial na Celebração Eucarística; Na profissão religiosa ela quer significar a dedicação total a Deus e aos homens na vida da perfeita caridade. Acendemo-la em expressão de consagração ou agradecimento nos santuário. A vela está presente em nossos encontros na intimidade, como na Ceia de Natal. Enfim, muitos se preocupam em colocar a vela acesa na mão do moribundo. Pode ser um gesto de profundo significado de fé e esperança no Cristo, luz eterna dos que morrem no Senhor e de consagração de toda a vida a Deus. Infelizmente o gesto muitas vezes não passa de pura supertição, como se fosse o auxilio espiritual mais importante na hora da morte. A festa da apresentação de Jesus no Templo nos lembra  que também nós nos devemos torna Templo de Deus, acolhendo Jesus em nossa vida.Depois da vinda de Cristo que armou sua tenda entre os homens, aboliram-se os templos de pedra para surgirem por toda a terra os templos vivos. A liturgia desta festa ensina aos homens o acolhimento que devem prestar ao Salvador Luz do Mundo e a sua Mãe, quando canta: “Adorna, Sião, a tua câmara nupcial! Acolhe mo Cristo, teu Rei! Corre a Maria! Ela é a porta do Céu, porque nos braços tem o Rei da Glória, a Luz nova. Gerada antes da aurora”.

O ÓLEO:        é usado com freqüência na Liturgia: duas vezes no Batismo, na Confirmação, na Unção dos Enfermos, na Ordenação Sacerdotal, bem como na consagração de altares, cálices e outros objetos ou lugares de culto. Para melhor descobrirmos o alcance e o significado do gesto da unção na Liturgia, precisamos recorrer ao significado do óleo no uso dos povos e na História da Salvação. Esta compreensão é de máxima importância para melhor compreendermos, sobretudo os Sacramentos da Confirmação e da Unção dos Enfermos me que o óleo é considerado a matéria do Sacramento. Infelizmente a sociedade moderna perdeu muito da compreensão do significado do óleo. É verdade quem faz uso de loções, de fricções e massagens. A medicina popular usa ainda o azeite para curar feridas aliviar a dor, mas, de modo geral, deixou de ser usado como unção. Dai a dificuldade de compreensão do sentido do óleo na Liturgia.  Os povos antigos viam no óleo da oliveira uma substância de um poder particular. Por isso, usavam-no particularmente como medicina. Na Babilônia o médico era chamado “o versado no óleo”. Nas grandes culturas antigas as pessoas consagradas, entre as quais os governantes eram investidos do seu ministério através da unção com o óleo.

            Na História do povo de Israel vemos algo de semelhante. Os lugares da especial presença de Deus são ungidos. Samuel unge a cabeça de Saul, dizendo: “O Senhor te ungiu príncipe a sua herança (1Sm 10,1). A unção com o óleo significa benção, consagração, reconhecimento da parte de Deus e especial distinção diante dos homens. Os sacerdotes também precisam desta unção. Assim Aarão e seus filhos. Quem fosse ungido como profeta era iluminado pelo Espírito de Deus. O óleo torna-se símbolo do Espírito de Deus. Ora, o Messias era ungido de Deus por excelência. Ele é totalmente pervadido do Espírito de Deus, pois Ele veio de Deus e está totalmente voltado para Deus. Quando inicia sua atividade messiânica, o Evangelista coloca em sua boca as palavras de Isaias (Is 61,1-2): “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu” (Lc 4,18). Cristo reuni em si as funções de rei, sacerdote e profeta, pois o próprio Deus ungiu Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com força (At 10,38). Cristo, o ungido, unge por sua vez os cristãos, tornando-os participantes de sua santidade e de sua salvação. E Jesus transmitiu aos apóstolos o poder de salvar e curar. Por isso, quando a Igreja usa o óleo nas celebrações dos Sacramentos, ele se torna símbolo da graça e do dispensador da graça, o Espírito Santo, como já dizia São Cirilo em suas catequeses: “O corpo é ungido com uma unção terrena, enquanto a alma é santificada apelo Espírito Santo e vivificador”. Com o óleo impregna o corpo ungido, a presença do Espírito Santo pervade a pessoa com sua graça, que é vida e salvação, tornado-a o seu templo.

            Assim, no Batismo somos ungidos para, na força do Espírito Santo, renunciarmos o mal e aderirmos ao bem, professando a fé em Cristo Jesus. Após o Batismo, a unção no alto da fronte quer significar que nós pelo Batismo nos tornamos, com Cristo, reis, sacerdotes e profetas pela força do Espírito Santo. Na Confirmação ou Crismo, recebemos a virtude do Espírito Santo para vivermos até a plenitude a vocação batismal de reis, sacerdotes e profetas. As mãos do sacerdote são ungidas para significar que por elas age o Espírito Santo: são mãos que abençoam, consagram, perdoam e servem no serviço da salvação. Os enfermos recebem a força do Espírito Santo significada pela unção como remédio, alívio, conforto e força para viverem sua vocação batismal durante a enfermidade e apesar da enfermidade. Como vimos, o óleo tem profundo significado na Liturgia e adquirirá uma significação maior para a espiritualidade cristã, quando inserido na História da Salvação.

IMPOSIÇÃO DAS MÃOS: Desde as religiões mais antigas a imposição das mãos constitui um símbolo de benção. Profetas, sacerdotes e outras pessoas consagradas impunham as mãos para abençoar, representando a própria divindade. Impõem-se ainda as mãos para a cura de enfermidades. E nos antigos cultos mistéricos pagãos a imposição das mãos fazia parte também dos ritos da iniciação. No AT a imposição das mãos constitui uma expressão visível da transmissão de benção (cf. Gn 48,14). O mesmo gesto expressa transmissão de um cargo ou missão (cf. Nm 27,18). O gesto significa ainda a libertação de uma opressão com a impureza ou pecado (cf, Lv 16,21). Jesus impôs as mãos às crianças em sinal de benção (Mc 10,14). A transmissão da benção pela imposição das mãos manifesta-se ainda nas numerosas curas milagrosas de Jesus (cf. Lc 13,13; Mt 6,2). Em Samaria Pedro e João transmite o dom do Espírito Santo pela imposição das mãos (At 8,17). Homens carismáticos transmitem um carisma a outros pela imposição das mãos (cf. 2Tm 1,6; At 6,6). Assim na liturgia a imposição das mãos constitui fundamentalmente um gesto de benção, significando a transmissão do Espírito Santo. O gesto da imposição das mãos está presente com muita freqüência na Liturgia. No Catecumenato, em preparação ao Batismo, à Crisma e à Primeira Eucaristia, temos a imposição das mãos como expressão de exorcismo, de libertação do mal, de acolhimento da parte de Deus e de benção; na benção da água batismal vemos também a imposição das mãos na Invocação do Espírito Santo; no próprio rito batismal, a unção pré-batismal pode ser substituída pela imposição das mãos com a invocação da força do Espírito Santo.

            Na Reconciliação dos penitentes, ao absolver o pecador, o Sacerdote impõe as mãos ou ao menos a mão direita. É sinal de reconciliação, de perdão, de acolhimento e ao mesmo tempo de transmissão do dom do Espírito Santo, para que pelo dom da Penitencia o pecador possa evitar o pecado e vive sempre em atitude der conversão. Na celebração Eucarística, a Consagração é precedida pela imposição das mãos sobres à oferenda, acompanhada de uma fórmula de invocação ao Espírito Santo. A unção dos Enfermos também e precedida da imposição das mãos, sinal de benção, de cura, de alívio e de transmissão da força do Espírito Santo para que o enfermo possa ser aliviado. Nas ordenações a imposição das mãos é um dos gestos principais para significar a transmissão do Espírito Santo a fim de que o eleito possa exercer seu cargo ou função diaconal, presbiteral ou episcopal a serviço da Igreja. Também no Sacramento do Matrimonio podemos perceber a imposição das mãos por parte do sacerdote na benção nupcial e na solene benção final. O mesmo poderíamos dizer da Profissão Religiosa e da benção das pessoas em geral. A Imposição das mãos parece, portanto um símbolo importante na Sagrada Liturgia. Sua linguagem é eloqüente. É de uma riqueza muito grande, significando, sobretudo, como vimos proteção, defesa, reconciliação, perdão, consagração, transmissão da força do Espírito Santo, transmissão de funções, em suma, uma benção de Deus.

A CRUZ: está plantada em toda à parte. Encontramo-la nas igrejas, nas casas, nas praças, em repartições públicas, a beira das estradas e nos cimos das montanhas, Com ela deparamos desde o nascer até o por do sol; do nascimento até a morte. Caminha conosco em horas de alegrias e de tristeza. Junto ao batistério por ela fomos marcados. Encontramo-la na natureza e na arte. Não apenas a encontramos; ela está e cresce em cada homem; ela nos reveste. Contudo, desde que Jesus Cristo morreu suspenso a um madeiro, abraçando em seu imenso amor toda a humanidade, as cruzes de todos os tempos e lugares foram iluminadas. Daquele momento a cruz tornou-se esperança dos homens. A figura da serpente levantada no deserto transformou em realidade. Jesus Cristo venceu a antiga serpente, transformando a cruz em troféu de vitória. Assim, aos poucos a cruz foi sendo tomada como sinal do cristão. Os cristãos dos primeiros séculos começaram a identificar a cruz de Cristo em toda a parte: no martelo, no machado, nas iniciais da palavra de Cristo em Grego (XP), no X, no Y, na âncora, no báculo, no candelabro, na palma, no T, nas plantas e na figura humana. Primeiramente se usava simplesmente o símbolo da cruz, sem o corpo de Cristo afixado. Portanto, a cruz e não o crucifico. Era natural que a cruz como sinal do cristão, de sua fé na morte redentora de Cristo, muito cedo entrasse também no uso litúrgico. Assim temos hoje uma presença muito freqüente da cruz nas diversas formas de expressão.

O SINAL DA CRUZ: Não há quase reunião de assembleia litúrgica que não comece com o sinal da cruz. Enquanto tocamos com a palma da mão direita a fronte, o peito, o ombro esquerdo e o ombro direito, dizemos: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Declaramos que todo o nosso pensamento, nossa vontade  e a nossa ação, representado pela fronte, pelo peito e pelos braços, à luz da morte de Cristo, se desenvolvem em nome da Santíssima Trindade. Todo o nosso ser está mergulhado no mistério da Trindade. Todo o nosso ser está mergulhado no mistério da Trindade através da cruz redentora de Cristo.

A PERSIGNAÇÃO: constitui uma forma mais solene, ligada à proclamação do Santo Evangelho. O Sacerdote, depois de saudar o povo, contínua: Evangelho de Jesus segundo N., fazendo com o polegar o sinal da cruz sobre o livro e sobre si mesmo, na fronte, na boca e no peito. Qual o sentido mais profundo desta forma de fazer o sinal da cruz? Pedimos a Deus que a força da mensagem de Cristo penetre a nossa mente, a nossa palavra e a nossa vida. Que Ele ilumine a nossa inteligência para compreendermos bem a sua mensagem; que possamos professar a nossa fé, por nossas palavras e agir de acordo com ela.

TRAÇAR O SINAL DA CRUZ: é muito freqüente na Liturgia o gesto de traçar o sinal da cruz sobre as pessoas, objetos e elementos. Muitas vezes o gesto vem acompanhado da invocação das três pessoas da Santíssima Trindade. Outras vezes é acompanhada por formulas especiais que dão sentido ao gesto; a ocasião em que é traçado em silêncio. É sempre sinal de benção e consagração. Pensamos aqui na consagração das oferendas durante a Missa, na benção final que encerra quase todas as assembléias litúrgicas; na benção dada as pessoas, na benção de elementos como a água benta, o sal, objetos de devoção; na benção de objetos como as alianças, os paramentos, imagens, terços, etc. A faculdade de abençoar, traçando o sinal da cruz sobre as pessoas e objetos, é reservada aos sacerdotes e ao diácono quando ocorre dentro de sua função. Existem ainda dois outros modos de dar a benção. A primeira consiste em traçar com a cruz ou crucifixo ou ainda com o Santíssimo ou alguma relíquia o sinal da cruz sobre pessoas, abençoando-as. Gesto que é realizado também com o incenso. Segundo, traçar o sinal da cruz com o polegar sobre a fonte de uma pessoa ou objetos, assim temos no Batismo. Além do sinal da cruz a própria cruz encontra-se freqüentemente nas celebrações litúrgicas. É costume antigo a presença de uma cruz sobre o altar. A presença tão freqüente da cruz nos faz lembrar continuamente que toda a Liturgia não é outra coisa do que a evocação do mistério pascoal de Cristo, que por sua morte e ressurreição nos traz a vida nova. É pela cruz que o povo de Deus, a exemplo de Cristo, chega à ressurreição.

PÃO E VINHO: a linguagem litúrgica é de um arrojo inaudito. Certas realidades, que não ousaríamos expressar por palavras, nós as vivenciamos através de símbolos do culto cristão. Um dos símbolos mais eloqüentes é o pão e o vinho, que no plano da graça querem expressar o que significam no plano natural. Existe no homem o intimo desejo de comunhão de vida com Deus. Gostaria de estar unido a Ele como a comida e a bebida se tornam um com seu corpo. O homem tem fome e sede de Deus. Não deseja apenas conhece-lo e ama-lo, mas apoderar-se dele, possuí-lo, consumi-lo, comê-lo e bebê-lo, saciar-se plenamente nele. Para exprimir que Deus veio ao seu encontro deste desejo do homem, Cristo, o pão da vida, escolheu o símbolo do pão e do vinho, da comida e da bebida. Pão significa união, alimento, vida. Como o alimento se torna um com o homem, Deus quer unir-se ao homem. Vinho é bebida. Mas não bebida que apenas mata a sede. É bebida que se alegra, inebria, faz transbordar de felicidade. Assim Deus constitui a felicidade do homem, a sociedade do homem.

            Cristo tornou-se para nós pão e vinho. Podemos comê-lo e bebê-lo, isto é podemos tornar-se um com Ele na sociedade inebriante da vida feliz. Este pão torna-se para nós garantia da imortalidade. No pão e no vinho existe também muito de humano. O pão para ser pão passa por um longo processo. Igualmente o vinho. Por isso podemos dizer que o pão e o vinho quando usados no Sacramento da Eucaristia adquirem um tríplice sentido. Eles representam nossa vida e todas as coisas criadas por Deus. Toda a criação constitui objeto de ação de graça. E o homem a oferece a Deus como rei da criação. Em segundo lugar, o pão e o vinho significam o trabalho, a capacidade de criar do homem, sendo também nisto semelhante a Deus. Terceiro lugar – e isto é algo de inaudito e nós a aceitamos porque Cristo no-lo revelou – o pão e o vinho significam nossa comunhão de vida com Deus, onde Cristo se torna comida e bebida no Banquete Eucarístico. Deus vem ao encontro do homem no seu desejo de comunhão de vida com Ele.

            Pão e vinho, símbolos de comida e bebida, exprimem, pois a nossa vida, como também a nossa ação, a indústria do homem, seu domínio sobre a natureza que ele trabalha e transforma. Significam, outrossim, o próprio Cristo no mistério de sua Morte e Ressurreição. A preparação destas ofertas não constitui ainda o sacrifício com tal. O pão e o vinho querem recordar, recolher toda essa realidade humana em Cristo. A serviço dessa preparação está toda a Liturgia da palavra que quer dar maior sentido à nossa vida, aumentando o nosso amor. O homem aparece na presença do seu Deus, que o agraciou com a existência e o cumulou com a nova vida da graça. Toma daquilo que Deus lhe deu e que ele realizou pelo trabalho para dizer que tudo lhe pertence, tornando-se, desta forma, o pão e o vinho sinal do homem mesmo, daquilo que ele é e daquilo que ele faz. Deus por sua vez aceita este dom, o homem mesmo, representado pelos símbolos do pão e do vinho. Não só os aceita, mas os transforma, os assume pela ação de graça. Em resposta à oferta de nossa existência, em conformidade com a santíssima vontade, Deus mesmo se dá em alimento. Ali se realiza aquele desejo do homem de participar da vida e da imortalidade de Deus, não pelo orgulho como no caso de Adão e Eva, mas pela humildade, reconhecendo a sua condição de criatura mortal.

AS GOTAS DE ÁGUA NO VINHO: Um gesto simples e quase despercebido foi mantido no Ordinário da Missa. Ao preparar as oferendas, o sacerdote deposita um pouco de água no cálice com vinho. Sabemos que os hebreus usavam vinho misturado com água na celebração da Páscoa. Consciente de que Cristo na última Ceia também usou vinho misturado, os cristãos faziam o mesmo na Celebração Eucarística. E muito cedo os Santos Padres, sobretudo São Cipriano, começaram a dar um significado a esta mistura de água no vinho. Reagindo contra aqueles que celebravam a Eucaristia com pão e água, diz São Cipriano que se deve colocar ao menos um pouco de vinho na água. Se houver só água sem vinho, diz o santo, nós estamos sozinhos sem Cristo. O que não possível. E se houver só vinho sem água, Cristo está sozinho sem nós. De que nos adianta isto?, Pergunta São Cipriano. Com isso ele quer dizer que a Eucaristia é o Sacrifício de Cristo e da Igreja, isto é, do Corpo Místico de Cristo.

            Ele então procura ilustrar pela Sagrada Escritura. O vinho lembra a Redenção pelo sangue e de modo particular a Paixão de Cristo, ao passo que a água traz a mente o povo de Deus salvo das águas do Batismo. Assim como as gotas de água colocadas no vinho somem totalmente, são assumidas pelo vinho, no Sacrifício da Missa, nós devemos entrar em Cristo, identificar-nos com Ele, fazer-nos um com Ele. Nas oferendas da Missa encontramos um duplo simbolismo. Por um lado, o pão e o vinho significam a vida, a existência do homem unida a Cristo. Por outro lado, temos a água em relação ao vinho. Agora, o vinho significa Cristo e a água o cristão que se oferece juntamente com Cristo. Gesto singelo, mas tão significativo! O que importa não é o sinal em si, mas o que ele significa; o que importa é a nossa atitude unida à de Cristo.

            A partir desta ação do Sacerdote podemos valorizar o momento da preparação das oferendas para dispor o nosso coração a participar melhor do Sacrifício Eucarístico, tornando-o também nosso sacrifício. Água é símbolo de vida em geral e da nova vida adquirida pela fé e pelo Batismo em particular. O povo sacerdotal nascido das águas do Batismo manifesta sua presença na Eucaristia pelas gotas de água colocadas no cálice com vinho.

A PARTÍCULA DE HÓSTIA NO CÁLICE: Trata-se de um rito que muitas vezes pode passar despercebido. Ou então se pergunta sobre o seu significado. Após a fração do pão que precede o rito da Comunhão, o Celebrante coloca uma partícula da hóstia no cálice, rezando em silencio: “Esta união do Corpo e do Sangue de Jesus, o Cristo e Senhor nosso, que vamos receber, nos sirva para a vida eterna!”. O rito de romper o pão para dividi-lo fraternalmente era usado entre os judeus. O próprio Jesus na última Ceia tomou o pão partiu-o e deu aos discípulos. E mandou repetir o gesto em sua memória. De tal modo o rito de partir o pão tornou-se familiar entre os cristãos que “fração do pão” se tornou sinônimo de Celebração Eucarística. Nos primeiros séculos o partir o pão era uma ação normal exigida pela necessidade de reduzir os pedaços de pão consagrados para a comunhão dos fieis. O rito da fração era realizado com grande solenidade, enquanto o povo cantava o Cordeiro de Deus. O rito perdeu sua importância com a confecção de hóstias pequenas para os fiéis. Com o correr do tempo começou-se a ligar ao gesto da fração do pão um sentido simbólico que levou a um rito de “mistura” ou união das espécies do pão e do vinho. O pão partido representava o Corpo de Cristo rompido em sua Paixão.

Cristo é apresentado como aquele que cada dia na Santa Missa se imola pelos pecados dos homens. Por que, então, a mistura do pão consagrado com o vinho? Sua origem é bastante obscura. Algumas indicações históricas podem lançar luz a maior compreensão. A Eucaristia foi sempre considerada como expressão da unidade do Corpo Místico de Cristo. São Paulo diz: “Uma vez que há um único pão, nós embora sendo muitos. Formamos um só corpo, porque todos nós comungamos de um mesmo pão” (1Cor 10,17). A Igreja romana deu uma expressão visível a este conceito através do uso do “fermento”. Fermento era chamado a particular que o Papa destacava das próprias espécies consagradas em dias festivos e enviava aos bispos das cidades vizinhas de Roma e aos presbíteros das outras igrejas da cidade, que, por sua vez, a colocavam no cálice do Sacrifício, em sinal de união com op Papa e a presidência hierárquica dele. Em Roma este uso foi praticado até o século IX. Quando o rito do fermento caiu em desuso continuou o costume de o próprio Celebrante colocar no cálice um pedaço da própria hóstia. Este rito simboliza, sobretudo a união e a paz. Mas tarde, outra idéia vinda do Oriente inspirou o gesto de colocar um pedaço de hóstia consagrada no cálice imediatamente antes da Comunhão. Queria significar a unidade das espécies consagradas. O pão e o vinho, embora separados, não são algo mortos, como o sangue separado do corpo, formam uma unidade, o Corpo vivo e glorioso de Cristo. Lembram o mistério da Ressurreição. A união dos elementos separados pela memorial da Morte De Jesus Cristo é feita para simbolizar a sua ressurreição. A Eucaristia celebra não o Cristo morto, mas o Cristo morto e ressuscitado, pão vivo descido dos céus, garantia de imortalidade. A oração fala de Cristo vivo que é Senhor nosso; um Cristo alimento; um Cristo alimento para a vida eterna. Significativo é que durante a fração do pão e a mistura à assembléia cante o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O canto é da assembléia, entoado pela assembléia que está se preparando pra participar do Banquete do Cordeiro de Deus que dá a vida. Hoje este rito passa muitas vezes quase despercebido. Muitas vezes ele é abafado pela ruidosa e pouco ritual saudação da paz. Para valorizá-lo importa compreender seu significado mais profundo. Finalmente, importa realizar o rito com dignidade e vagar, depois de concluída a saudação da paz e fazendo concluir a fração e a mistura com o canto do Cordeiro de Deus.

AS VESTES: Também o uso das veste a arte está a serviço da vivência litúrgica por ser um meio de comunicação. O homem faz uso de vestimentas, sem dúvida, para defender-se do frio e do calor. Mas o sentido da veste vai muito além deste uso utilitário. Perguntando, então, pelo sentido das vestes em geral, perguntaremos depois sobre o porquê das vestes litúrgicas. Pelo traje o homem procura comunicar-se no seu relacionamento social. Pelo fato de o corpo constituir como que o sacramento do mistério do homem, ele o recobre. Quer significar com isso que o homem não é apenas aquilo que se pode perceber pelos sentidos. Vai muito além de sua corporeidade. Interessante notar que o homem gosta de recobrir, velar aquilo que valoriza de modo especial. Assim também o corpo humano. Assim surgiram através da história as diferentes vestimentas usadas nos momentos importantes da vida e em determinadas funções da sociedade humana. Temos, por exemplo, a veste batismal, de Primeira Comunhão, a vestido da noiva, a veste do religioso, do sacerdote. Usamos roupas diferentes para o trabalho. Elas são a expressão de um estado de alma com a alegria, a festa ou o luto. Podem também exprimir também uma função. Em vista da capacidade de a veste humana torna-se uma linguagem, uma comunicação, ela pode demonstrar também uma realidade religiosa. Para significar que o homem rompeu com o divino que o envolvia, o autor do Gênesis usa a imagem da veste. Adão e Eva sentiram-se nus porque não estavam revestidos, envolvidos pelo mistério de Deus (cf. Gn 3,7). São Paulo usa freqüentemente em seus escritos a imagem do despir-se do homem velho e revestir-se de Cristo para traduzir a realidade da nova vida em Cristo. Como as demais vestes, também as litúrgicas possuem dupla função, significando estados de alma e o mistério exercido. As vestes litúrgicas, das mais simples às mais ricas, criam um clima de alegria, de elevação, de festa, ajudando desta forma a assembléia a manifestar-se como um povo em festa pela salvação em Cristo.

            Quando falamos em vestes litúrgicas parece não devamos pensar apenas nas vestes sacerdotais. Deveríamos pensar na veste que usa qualquer cristão ao participar do culto. Por uma veste melhor ele procura criar e expressar o ambiente de festa; a veste nova torna-se um convite para revestir-se de Cristo. Claro que isto não constitui algo de essencial. O pobre sem recursos não deixará de participar da Eucaristia por não possuir um traje adequado, mas, quem sabe, procurará trazê-lo bem asseado e arrumado como ao receber uma visita importante em sua casa. Haverá, pois, um traje para sair a passeio, outro para a praia, o esporte e outro ainda para os momentos do culto, o qual não será motivo de atenções que distraiam, mas que possa realmente elevar sua mente e a dos demais participantes da assembléia. A veste quer ajudar a comunicar-nos com Deus. Para o sacerdote e todos o que tiverem funções especiais, o vestuário pretende ainda exprimir ou realçar sua função. A vestimenta especial do sacerdote não constitui elemento essencial na Liturgia. Mas se colocarmos a questão nestes termos, creio que não entendemos nada do sentido dos sinais litúrgicos. Devo perguntar-me antes: “Senhor será que as vestes sacerdotais ajudam a mim e a toda a assembléia a viver melhor o mistério celebrado?” Temos, portanto, na linha do essencial, do necessário, mas daquilo que convém daquilo que tem sentido. Mantendo seu sentido fundamental de comunicar com os mistérios celebrados, as vestes poderão assumir as formas mais diversas. O feitio dos nossos paramentos constitui uma das formas possíveis na procura de novas e mais apropriadas formas ao nosso tempo. Uma coisa me parece certa. As formas variam através dos séculos, mas a vestuário como tal será sempre um elemento valioso na expressão religiosa do homem.

ANEL-ALIANÇA: Aqui o símbolo já é chamado pelo que significa. O significado principal do anel é realmente a aliança. Sua forma circular evoca a eternidade, a permanência, a fidelidade. O anel é, outrossim, sinal de dignidade e de poder. O antigo costume dos romanos que trocarem anéis por ocasião do casamento, como símbolo da mútua união, passou mais tarde pra o rito do matrimonio cristão. Os anéis dos esposos, chamados também de alianças, são sinal de amor e fidelidade, de amor total e sem fim. Estes anéis deverão recordar sempre a aliança de amor e fidelidade para com a pessoa amada, para com Deus e o testemunho de amor e fidelidade, diante da comunidade cristã. Como já dissemos, o símbolo é a presença da mesma realidade em outra forma. Assim o anel de casamento que um cônjuge traz em seu dedo evoca, oculta, significa, constitui continuamente a presença do outro cônjuge em sua vida. Não somos mais dois, somos um só, onde estou eu, está ela; onde estou eu, está ele. Em grande sentido, portanto, o gesto de o viúvo ou a viúva passar para o próprio dedo o anel do cônjuge já falecido.

            O anel conferido às religiosas é símbolo das núpcias da alma consagrada com Cristo, sendo, pois, um desafio à santidade da consagração total a Deus. Diz a oração que acompanha o gesto: “Recebe esta aliança de esposa do Rei Eterno; sendo-lhe fiel, chegarás à alegria das núpcias celestes” A anel do Bispo também não constitui mero enfeite ou manifestação de sua função ou dignidade., Seu significado vai muito além. Diz o Ritual da Ordenação e um Bispo: “Recebe este anel, símbolo da fidelidade; e com fidelidade invencível guarda sem mancha a Igreja, esposa de Deus”. Portanto, usar ou não as alianças como casados ou noivos não é questão de esnobismo ou de espírito de contradição, mas brotará da compreensão ou não da linguagem simbólica na vida do homem.

BIBLIOGRAFIA: 
Símbolos Litúrgicos – Editora Vozes – Frei Alberto Beckäuser, OFM
“Sendo conhecedores da verdade ela te libertará”.

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